sábado, 18 de abril de 2020

DIÁRIO DA QUARENTENA


Nesta página do meu diário da quarentena, em que me sinto já tão cansada dos dias de isolamento, de não sair à rua, de não conviver pessoalmente com pessoas que habitualmente encontrava-mos
todos os dias da semana na Universidade Sénior - a Uscarm.
É verdade que temos aulas à distância, mas nem sempre a Internet nos deixa ver na totalidade, ou por falta de rede ou por ser muita gente ao mesmo tempo, existem falhas no sistema, não pelos professores, porque esses continuam a transmitir sempre a sua sabedoria através de video chamada, e em especial a Dra Marisa, que tanto se preocupa com o isolamento e a solidão dos seus alunos.
A solidão talvez seja um dos grandes inimigos para quem vive só, e a Dra dentro das suas limitações lá vai dando umas palavras de conforto a essas pessoas. No meu caso pessoal, tenho a minha filha em casa e o meu neto, a filha em tele trabalho e o neto aqui fechado em casa. Enquanto os infantários estiverem fechados ele e a avó vão-se distraindo.
A última vez que saí à rua foi no dia onze de Março e hoje, dezassete de Abril continua. Embora o Senhor Presidente da Republica comece a querer dar uma pequena abertura ao confinamento, o medo tomou conta de mim e de muita gente, começa a ser difícil aceitar uma vida normal visto eu ser uma pessoa de risco, pela idade e pelos problemas de saúde que tenho. Queria ver crescer os meus netos por mais alguns anos, mas esta malvada pandemia Covid-19 deixa-me assustada pois já são muitos milhões de infectados no mundo, matando milhares também.
Portugal embora não seja um dos piores Países em mortalidade, é sem dúvida um dos melhores Países em solidariedade. E falando de solidariedade, somos um povo unido, quando é preciso e todos mostraram o que podiam fazer para ajudar quem estava na frente da batalha, e a todos temos que dar o nosso grande grande obrigado aos médicos enfermeiros auxiliares todo o pessoal de saúde mesmo o mais anónimo, aos bombeiros, aos voluntários, a todo o pessoal que estando na linha da frente se expuseram e continuam expostos ao perigo iminente de contágio, com tanta carência de material  de protecção. O povo com algumas empresas, inventaram e reinventaram, formas de protecção desde a viseira a máscaras. Eu tenho muito orgulho no meu País e no nosso povo, por alguma razão é valente e imortal, assim diz o nosso Hino Nacional.
Depois de tanto falar e agradecer a todos aqueles que trabalham em prol do amor ao próximo, vou falar um pouco dos meus dias de clausura. Quando estou mais triste escrevo, escrevo e volto a escrever, aquilo que tanto amo fazer: POESIA.
Assim vou passando os meus dias, e esperando que daqui a pouco tempo possa dizer que foi um sonho mau, tudo já passou vamos voltar a ser felizes. Nessa altura, certamente todos juntos, vamos esquecer a clausura, e escrever a Liberdade, e que esta lição de vida, nos faça mais felizes com mais amor, mais humanos... uma vida de amor mais pura.


ABRIL

Mais pura humanidade
Mais amor na vida,
O Corona, não deixa saudade
Mas deixa, a gente mais unida,

Estamos no mês de Abril
Mês da nossa liberdade
Em que abraços são aos mil
Mas agora só na virtualidade

Deixo os meus abraços virtuais
A nossa democracia está viva
Nunca seremos todos iguais,
Mas democraticamente conviva,

Em Maio vamos ser mais Felizes
É o mês de Maria Virgem Santa
Vamos todos, pedir com fé
Porque a fé é nossa esperança,

Joana R. Rodrigues 17/04/2020


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