quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
AQUI JAZ UM CORPO
Aqui jaz um corpo.. Quebrado.
Entornado e do avesso. Mastigado.
Submisso:
Respira
Levanta-te
Anda
Respira
Dorme
Respira
Respira
Aqui jaz um corpo.. Disforme.
Palavras como lâminas. Dor.
Quebrado, ensaguentado, postrado.
Ainda um sorriso... o sangue dá-lhe cor.
Morri mil vezes e ainda aqui estou
Mil vezes disse:
Não respirar
Sentar
Parar
Não respirar
Não acordar
Não respirar
Não respirar
Desistir..
(A Culpa...)
Aqui jaz um corpo.. e é o meu.
Acordado ao lado do teu.
Fico a ouvir-te respirar:
Inspira
Expira
Inspira
Expira
Existes ainda, sorrio.
Acordo e fico a ouvir o bater do teu coração.
O sangue circula-te pelas veias, respiras.
Existes. Sorrio.
Tento descobrir, nas noites escuras
(e são tantas...)
Porque não vês, não reparas
Será que tropeças em mim de manhã?
Ou espezinhas como se fosse nada?
(Invisível ainda)
Aqui jaz um corpo... e tu não o vês.
Por isso desisto. Pisa. Magoa.
Continuará aqui.
Até se desfazerem os ossos em pó.
Varridos, esquecidos, despejados.
Aqui jaz um corpo... para sempre.
SR
27-09-2008
poema da minha filha Susana Rodrigues , publicado em 22/01/2014
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